22 de dez. de 2008

Demasiado Excessiva

Li uma coisa maravilhosa enquanto vinha para o trabalho.

Estou lendo um livro que pretende desmistificar maio de 68 para os franceses. Para quem não tem a menor idéia do que estou falando (não se sinta diminuído... Eu sei quase nada!), em maio de 1968 tiveram uma série de manifestações ao redor do mundo, o que o marcou como um ano da juventude revolucionária de esquerda.
Após 1968, vimos ascender no mundo, inúmeros governos de esquerda, inclusive, um fenômeno que aconteceu na América Latina muito recentemente. De qualquer forma, ele dá vários motivos que mostram que após 68, a França caiu no marasmo, e essa esquerda que ainda se dá o direito de se autoproclamar "revolucionária", só chafurda na hipocrisia e moralismo-marxista tal qual o conservadorismo preconceituoso da direita...
Blablablá...

A frase que eu li e que fiquei deeeeeliciada dizia o seguinte sobre a esquerda:

"uma ingenuidade demasiado excessiva para permanecer honesta" - (Maio de 68 explicado a Nicolas Sarkozy - pg.166)

Essa frase me deixou enlouquecida!! Vou repeti-la para o resto da vida! Citar no almoço de família, fazer redação da Fuvest, ensinar para os meus filhos, gritar no ouvido da atendente da Telefônica! Vou gastar sem fim!

Lógico, que pensei em coisas muito mais ridículas e cotidianas quando li (e não no paralelo entre a política brasileira e a francesa!). Pensei em algumas pessoas que conheço, que de tão fofas e meigas e perfeitas e educadas e corretas e do bem... Me cansam. (Booooooooring =p)
Agora, passo a acreditar ainda menos nelas!
Para além do bem e do mal, please!

21 de dez. de 2008

Um babaca

Sobre um cara que não sabe quem eu sou:


Eu trabalho em uma revista feminina. Estou prestes a completar 10 meses lá. Em uma das matérias da revista, conheci um cara, que tipo "cruzou meu caminho" literalmente! Tipo: apareceu em uma foto que fazíamos na Paulista e tive que pedir a ele autorização de uso da imagem para usar a foto.



O problema está no que eu ouvi dele. E acho que nunca me senti tão insultada na vida. E por mais que eu me conheça, depois de uma dia difícil, não é fácil segurar um choro de indignação com tanto preconceito em uma só pessoa. Ele veio com um discurso antialienação na mídia, que ele REALMENTE acreditava ser único. Pois, eu tenho uma novidade: esse discurso é tão batido quanto a maletinha dele com um adesivo "somos a favor da greve", e o jetinho de menino da mamãe da revolucionário de sala de aula.


Ele me disse que eu deveria falar sobre a Guerra no Haiti, por exemplo... E que ele não pode associar a imagem dele ao jornalismo da empresa em que eu trabalho. Que é alienante.
Então, eu tenho algumas lições de vida para o "não-alienado":


1) Trabalho em uma revista feminina que é reflexo de um movimento que se iniciou no início do século passado, com mulheres que brigaram pelo direito de ter prazer, de gastar o próprio dinheiro com elas, e não com os filhos, que se dá o direito de falar inutilidades, pois é muito mais estudada que ele... Afinal, você precisa estudar o dobro para ganhar 60% do salário dele.


2) Eu posso falar da Guerra no Haiti a hora que eu quiser e muito mais que ele. Pois, eu de fato sei o que está acontecendo e não fico arrotando conhecimento.
3) Ao invés de falar bobagem, compro lutas diárias por uma das causas que é possível lutar. Não fico de braços cruzados reclamando da mídia. Faço a minha parte diariamente, com paixão, responsabilidade e competência.

4) Eu sei o que é problema social, pois ele está na frente da minha janela quando acordo. Ou quando veio para casa tarde da noite, depois do trabalho com medo de ser assaltada por alguém do mesmo lugar que eu vim. Não fui vítima do sistema e por isso corro o risco de ser agredida por um semelhante.

6) Não gosto de discursos sociais proclamados por um playboy que nada sabe o que é isso e que realmente acredita que não há escolha para o pobre. Volta para sua casa e vai cuidar da sua família... Ela deve precisar mais de você!

Por último, para você que não me conhece. Vai ler alguma coisa e estudar um pouco mais... De má consciência e pensamento de massa, eu já estou farta.

19 de dez. de 2008

help me lesley!

lesley gore é o que pode ser chamado de protofeminista. um pouco antes de estourar o movimento feminista ela já cantava a liberação feminina.
alguns anos depois ela seria uma das primeiras artistas a se assumir lésbica (sim, antes da ellen!). nesse vídeo, no início da carreira, ela canta "You don't own me" muito charmosamente.



estou indo viajar com a família do meu namorado, me desejem sorte.
na verdade, me desejem lexotan.
tirei a priminha dele no amigo secreto e tive que comprar uma "Barbie chapinha" de presente para a menina. essa barbie é tão antifeminista (e cara!) que eu não consigo nem olhar pra ela, mas entre ajudar o movimento e me ajudar nesses dias difíceis em território inimigo tive que escolher ME ajudar e agradar a família do chuchu. não tá fácil, sério. estou levando "o vermelho e o negro", que eu não consigo parar de ler, pra ter com quem conversar.
(dois frontal pra cada vez que a mãe dele der a entender que a mulher da vida dele é ela, e um diazepanzinho para cada referência de ex. tudo com caipirinha, por favor. )

18 de dez. de 2008

o riso e o esquecimento

"Lembrança ridícula e tocante: o primeiro salão, onde, aos dezoito anos, aparecemos só e sem apoio! O olhar de uma mulher bastava para intimidar-me. Quanto mais desejava agradar, mais me tornava canhestro. Tinha a respeito de tudo as idéias mais falsas; ou me entregava sem motivos, ou via num homem um inimigo, só porque me olhava com ar grave. Mas então, no meio dos terríveis males de minha timidez, como um belo dia era belo!"
Kant


detesto Kant, mas tem tanta coisa que eu detesto e mesmo assim engulo. engolir é um verbo magnífico para expressar certas coisas, me faz pensar em remédio, que não se come, se engole. esse trecho me lembra alguém cujo passado me incomoda. mas de quê adianta lembrar o passado de alguém quando eu mesma ignoro o meu?

muita divagação, essas coisas de morrer deixam a gente assim. peguei gripe e achei que ia morrer, menina mimada rs rs.

(começo a me recuperar de uma gripe matadora, e talvez de algumas neuroses)

15 de dez. de 2008

Ouch!

Acordei hoje às 4h30.

Na verdade, eu pulei da cama sob efeito de uma única frase: "Eu não vou me formar".


Sei lá, o que deu em mim, mas lembro da sensação que tive durante o sono. Que eu era um completo fracasso acadêmico! Não sei de onde saiu essa certeza, e nem acho que era uma certeza. Era mais uma forma de intensificar uma frustração.

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Esse fim de semana, consegui ler um livro inteiro (há muito tempo eu não conseguia ler coisa alguma) e ainda deu tempo de comprar presentes de natal e ler revistas fúteis. Na revista fútil que eu adoro, tinha um texto sobre inevitabilidade. Deu para entender?

Em resumo, o texto falava para eu acordar e parar de ser tão controladora. Uma psiquiatra conhecida, de forma doce e meiga deu o coice final: muita gente pensa que esse excesso de controle é característica de uma pessoa dominadora, líder e forte. Mas, que na maioria dos casos de pessoas assim, esse controle na verdade é uma forma de esconder a excessiva falta de confiança que ela tem.


Coice com força, fia! Pensa o quê? Pessoas controladoras temem o inesperado e ao invés de se tornarem cagonas (espécie abominável!), viram neuróticas pelos fatos, e nada pode escapar ao controle.
Isso te lembra, alguém? Lógico que lembra! Se não você mesma, amiga cosmonauta, sua mãe, sua avó, sua professora de estática, sua terapeuta, sua chefe...
Não sei como, mas o pulo às 4h30 e o textinho da psicóloga se ligam de alguma forma... E não é legal...

8 de dez. de 2008

muito brilho


o brilho começa cedo, vai amigo, eu te entendo!



(essa mãe é fia da pouta)

4 de dez. de 2008

rain on your parade

Pior que gente chata é gente grossa, pior que isso mesmo é gente folgada. Hoje o dia está péssimo, com direito a todo o tipo de chateação. E mais: gente que consegue ser chata, grossa e folgada – tudo ao mesmo tempo! Honestamente eu não consigo agüentar, mamã não me criou pra isso.
Minha decisão foi lidar com isso como se eu tivesse 13 anos. Essa música é pra você.
I'm gonna rain on your parade, bitch.

3 de dez. de 2008

ser mulher - parte 2

"Tudo o que não aconteceu com você – eu digo isso de mim mesma como uma parte daquilo que sobrevivi – tudo que não aconteceu com você é uma pequena folga na sua coleira. Você não foi estuprada quando tinha três anos, ou quando tinha 10. Ou não foi espancada ou prostituída, de qualquer forma que você tenha conseguido escapar disso, essa é a medida da sua liberdade. E a medida da sua força. E aquilo que você deve a outras mulheres. Não estou pedindo para que vocês sejam mártires, não estou pedindo para desistirem de suas vidas. Estou pedindo para que vivam as suas vidas, com honra e dignidade. Estou pedindo para que lutem. Estou pedindo para que façam coisas para as mulheres que elas mesma fazem o tempo todo na luta política pelos homens. Certo? Nós mulheres colocamos nossos corpos na linha de frente nas lutas políticas nas quais os dois sexos estão envolvidos. Eu não estou pedindo para que vocês sejam pegas, estou pedindo que corram por suas vidas. Se precisarem atravessar uma parede feita de tijolos, atravessem. Se você tiver feridas nos braços é melhor do que dar a "ele" as feridas porque você ficou parada. Nenhuma de nós tem o direito de ficar parada" (traduçao livre minha)

Andrea Dworkin - líder feminista no texto Terror, Torture and Resistance (Terror, Tortura e Resistência), sobre a necessidade de resistir quando se trata de violência contra a mulher. Atualmente, uma em cada três mulheres é estuprada. E isso se tornou normal. Ser feminista não é odiar homens, é dar às mulheres o direito de serem seres humanos.




hollywoodianos apoiam o feminismo.

2 de dez. de 2008

coisas de criança


Daí que eu trabalho com livros, é isso aí, eu reviso, diagramo, faço capa, até ler eu leio! (verdade)
Daí também que a minha chefe é um gênio, um gênio muitas vezes desacreditado, pois ela tem aquela característica dos gênios: quando eles tem uma idéia e explicam pra você parece ser tão simples, uma coisa na qual qualquer mortal poderia ter pensado.
Ela decidiu que a gente ia fazer um livro infantil, mais especificamente da sala da filha dela. A idéia era simples: um livro de crianças feito por crianças, com os desenhos e frases da meninada. Eu odeio criança, mas adorei o projeto.
Foram meses, já que a gente não sabia fazer isso, tendo as idéias mais loucas.
Tiramos nossas blusas e cachecóis para escanear e fazer abres de capítulo, pensamos em cores, tratamos desenhos de crianças (argh) no photoshop. Trabalhoso, a little too much.
Mas o resultado foi um livro infantil como não existe em lugar nenhum.
Agora ela divulga ele nos jornais e nas livrarias, chega com aquele jeito engraçadinho, simples (por que não dizer... desacreditado?) e deixa os caras babando. Babando fuerte. O projeto é incrível e não existe em lugar nenhum mesmo e eu só consigo lembrar da voz do outro sócio "você tá é querendo publicar o livro da sua filha". ahan.
Estou exausta (o livro ainda nos rendeu uma viagem de 3h até a gráfica em Santo André na sexta, para que chegasse a tempo do lançamento).
Ele vendeu mais em lançamento do que todos os nossos outros, e eu olho pra ele toda hora em cima da mesa, reconhecendo cada linha, cada vírgula, cada roupa que a gente escaneou. É um livro com desenhos feios de criança, frases curtas de criança e pesquisa sobre um inseto que só agradaria... a uma criança.
Brilhante.